Os moradores voltaram a conviver com os policiais que continuam a operação no Complexo da Maré um dia após a morte de um policial do Bope. Quatro suspeitos também foram mortos na terça (11), diz a polícia.
A polícia está na Maré desde ontem quando o objetivo era o de combater uma quadrilha especializada em roubo de veículos e prender criminosos escondidos. No entanto, a proximidade com os criminosos do tráfico virou um estopim e acabou desencadeando uma verdadeira guerra entre policiais e traficantes.
A Polícia Militar fez uma postagem em seu perfil lamentando a morte do sargento J. Cruz, lotado no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). O enterro dele será na tarde desta quarta-feira (12), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste.
Além do Bope, estão na Maré equipes do BAC (Batalhão de Ações com Cães). Também há reforço do policiamento no entorno da comunidade e patrulhamento aéreo. Moradores dizem que operação está concentrada na Baixa do Sapateiro e Morro do Timbau. Eles denunciaram a presença de policiais do Bope dentro da comunidade na noite de ontem.
Alguns serviços interromperam o funcionamento por causa da operação. Entre eles, a Clínica da Família Adib Jatene.
O policial morto ontem foi identificado como Jorge Galdino Cruz, do Bope, tropa de elite da PM. Outro agente ficou ferido, informou a PM. Ele foi socorrido para o Hospital Geral de Bonsucesso, mas não há detalhes sobre o estado de saúde dele.
O governador Cláudio Castro nas suas redes sociais divulgou um balanço da operação da Polícia Militar no Complexo da Maré e expressou pesar pela morte do 3° sargento do Bope Jorge Galdino Cruz.
“Na ação, para capturar integrantes de uma quadrilha que rouba veículos nas vias expressas da cidade, foram presos pelo menos 24 suspeitos e apreendidos 11 fuzis, 5 pistolas, uma metralhadora antiaérea, uma espingarda calibre 12 e drogas”, disse na postagem o governador.
VÁRIAS PACIFICAÇÕES – As mais de 140 mil pessoas que vivem nas 16 comunidades que fazem parte do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, convivem há décadas com confrontos frequentes entre bandidos e policiais.
Os confrontos aumentam assim como a lista de vítimas dessa guerra que atrapalha a vida de milhares de trabalhadores e estudantes que moram nas favelas do complexo.
Há nove meses, o Brasil teve acesso a imagens de criminosos de fuzil treinando em um centro comunitário na Maré. Nos vídeos, era possível ver instrutores ensinando grupos de 15 a 20 homens, todos armados com fuzis, fazendo exercícios militares e treinamentos semelhantes aos feitos pelas forças de segurança.
As imagens também revelaram crianças armadas e até uma metralhadora ponto cinquenta, capaz de derrubar um avião.
No dia seguinte a reportagem de um semanal de TV revelou o local de treinamento do Terceiro Comando, que nem é a facção mais poderosa do Rio.
Operações diárias
Duas semanas depois, o Governo do Estado começou uma grande operação na região. No dia 09 de outubro, cerca de mil homens das polícias Civil e Militar foram para as comunidades dominadas pelo tráfico para cumprir 54 mandados de prisão.
O Disque Denúncia Rio fez uma postagem no seu perfil pedindo a ajuda através de informações que ajudem a polícia na localização de criminosos, armas e drogas, no Complexo da Maré.