Dados do ISP revelam que região teve aumento de 152% neste tipo de crime; Sintronac, entidade que representa viações de cidades como Niterói e Arraial do Cabo, afirma que crimes costumam ter a mesma dinâmica
O crescente número de ocorrências de assaltos a ônibus nas proximidades do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), situado no bairro do Caju, no Centro do Rio de Janeiro, fez o Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) emitir um comunicado pedindo mais policiamento na região.
De acordo com a entidade, somente uma das empresas que operam linhas intermunicipais teve 15 ônibus assaltados naquela área entre janeiro e fevereiro deste ano, contra seis no mesmo período de 2023
Dados do Instituto de Segurança Pública mostram que o índice de crimes deste tipo na região de São Cristovão, que engloba o Caju, subiu 152% em janeiro deste ano: foram 43 registros, ante 17 do mesmo mês de 2023. De acordo com o Sintronac, os criminosos, armados, aproveitam o trecho, mais movimentado, para praticar os assaltos, sempre agindo com truculência, ameaçando e agredindo passageiros e motoristas.
O horário preferido dos bandidos, ainda segundo a entidade, é por volta das 5h da manhã, quando há grande movimento de trabalhadores. E, pelo que mostram as imagens das câmeras de segurança dos coletivos, pelo menos alguns dos assaltos são cometidos pelo mesmo grupo
No comunicado enviado a Secretaria de Segurança do Estado, Polícia Militar e Prefeitura do Rio, o Sintronac solicita reforço policial significativo no local.
Rubens dos Santos Oliveira, presidente do Sintronac, ressalta, que, além da intensificação do policiamento, é preciso que haja uma investigação para apurar a suspeita em torno dos indícios de que os crimes são coordenados. Ele também destaca a importância da colaboração entre as polícias e a Guarda Municipal.
Confira na íntegra a nota do Sintronac:
“Diante da espantosa violência promovida por bandos armados contra os ônibus em municípios do Rio de Janeiro, o Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) soma sua voz às dos sindicatos irmãos, representantes de nossa categoria, para solicitar às autoridades públicas de todas as esferas imediatas ações para preservar a segurança de rodoviários e passageiros. Ao mesmo tempo, reitera a todos os profissionais rodoviários que não entrem em áreas conflagradas e façam todo o possível para proteger suas vidas e as daqueles que transportam.
Nesta quarta-feira (14/08), além de sequestros de ônibus na capital e o incêndio de dois coletivos em Belford Roxo, o município de São Gonçalo, que pertence à área de atuação do Sintronac, registrou três ônibus abordados por marginais para sua utilização como barricadas, em enfrentamento a operações da Polícia Militar. Um, da viação ABC, foi tomado por bandidos na localidade das Palmeiras e dois, da empresa Icaraí, foram sequestrados no Jardim Catarina.
Rodoviários e passageiros, felizmente, não sofreram ferimentos físicos, no entanto, os danos emocionais são irreparáveis. Muitos rodoviários estão deixando a profissão por se recusarem a assumir linhas, que passam em locais dominados por facções criminosas. De abril de 2023 a maio de 2024, o Departamento Jurídico do Sintronac homologou 229 pedidos de demissão, dos quais 80% foram motivados pela violência, com os profissionais migrando para outros modais, principalmente o transporte por aplicativo, abrindo mão, principalmente, da segurança trabalhista proporcionada pela CLT. Antes desse período, os pedidos de demissão ocorriam por mudanças de empresa de ônibus.
A violência, ao atingir o principal meio de locomoção das populações da capital e da Região Metropolitana, fere o próprio princípio constitucional do direito dos cidadãos ao transporte público. Além disso, fragiliza ainda mais as empresas, compromete o desempenho dos rodoviários e torna a todos nós reféns dos desmandos de indivíduos perversos, que desprezam a vida humana e estão interessados apenas na conquista de territórios para sua prática hedionda e medíocre, em busca dos lucros exorbitantes extraídos do crime”, Rubens dos Santos Oliveira, presidente do Sintronac.
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