Natural de São Gonçalo, Fred Tavares é uma dessas figuras que carregam a essência do samba em cada nota e verso. Cantor, compositor e músico autodidata, Fred começou sua trajetória musical desde cedo, inspirado pelas raízes do samba de raiz e pelas influências de grandes nomes da MPB. Em entrevista exclusiva ao Giro Cultural, ele fala sobre sua carreira, desafios e a luta para manter o samba vivo em sua cidade natal.
“Eu sou natural daqui de São Gonçalo”, começa Fred ao falar de sua origem. Embora tenha morado em Niterói, foi em São Gonçalo que ele deu os primeiros passos, se encantando pela música. “Não existiam espaços culturais ligados diretamente ao samba aqui”, explica ele. Com o tempo, percebeu que, para fazer o samba que realmente queria, precisaria atravessar a Baía de Guanabara em busca de respeito e espaço no Rio de Janeiro. Sua paixão pela música foi apoiada pela família, especialmente pelo pai, que nutria uma grande admiração pela obra de Emílio Santiago. “Essas sete Aquarelas que o Emílio gravou de 89 até 95, todas elas rolavam lá em casa,” recorda ele com carinho.
Para Fred, o samba é mais do que um gênero musical: é uma missão. Ele relembra como o samba conquistou seu coração quando estudava violão clássico. “A bossa é a mistura do samba com o jazz, e essa mistura… ah, eu me apaixonei pela levada do samba”, conta ele, explicando como o ritmo e a história do samba acabaram por guiá-lo e se tornar sua paixão. Foi esse amor que o levou a explorar os discos de João Nogueira, Roberto Ribeiro e Beth Carvalho, referências que o inspiraram a mergulhar cada vez mais fundo na música.
Além de intérprete, Fred Tavares também possui um talento nato para compor. Em sua jornada, já colaborou com nomes como o grupo Arruda e Estrelato e continua lançando projetos inéditos, entre eles uma canção chamada “Tudo É No Tempo de Deus”, feita em parceria com Pepê Niterói e com a participação de Renato da Rocinha, prevista para lançamento até o final do ano. “Gravei com grupos como Arruda e Estrelato e tenho muitas composições que gravei nos meus dois discos”, conta.
Apesar de todos os desafios, Fred acredita que o cenário musical hoje oferece mais liberdade para os artistas independentes. “Hoje, as pessoas podem optar pelo seu independente. Você só fica refém de algo se você quiser”, destaca ele. Foi com essa mentalidade que Fred criou o “Terreiro do Zé”, uma das únicas rodas de samba de raiz em São Gonçalo. O projeto, que nasceu em 2017, é uma iniciativa para oferecer ao público local um espaço onde o samba é o protagonista. “Eu queria fazer algo aqui em São Gonçalo. Foi aí que nasceu o Terreiro do Zé. Hoje, muita gente vem até de bairros distantes para prestigiar”, revela ele com orgulho.
Ao falar sobre o cenário cultural de São Gonçalo, Fred ressalta o quanto é necessário maior incentivo local. “Enquanto o poder público não olhar com mais carinho para quem já faz música, quem faz arte dentro da cidade, vamos continuar como um patinho feio”, desabafa o cantor, que vê com preocupação a falta de apoio para os artistas locais.
Para aqueles que sonham em seguir a carreira musical, o conselho de Fred é claro e direto: “Tem que fazer o que ama. O dinheiro verdadeiramente é consequência daquilo que você faz com amor. Hoje, só não aprende quem não quer. Tem espaço para todo mundo, mas é preciso mergulhar de cabeça na fonte de quem veio antes.
“Com uma carreira baseada na autenticidade e no amor pela música, Fred Tavares é hoje uma referência no samba e um defensor ativo do cenário cultural de São Gonçalo. Ele segue acreditando que a arte e o talento local têm força para transformar e unir pessoas em torno da sua verdadeira paixão.
Fred Tavares segue firme em sua missão de manter o samba de raiz vivo e acessível ao público de São Gonçalo. Com novos projetos e muita paixão, ele busca não apenas levar o samba para sua cidade natal, mas também transformar o cenário cultural local. E para quem quiser conferir de perto o talento e a dedicação de Fred, ele convida a todos para a próxima edição do “Terreiro do Zé”, que será realizada no dia 09 de novembro, a partir das 15h, com uma homenagem especial a Zeca Pagodinho.
“Vocês não precisam ir para longe para se divertir com um bom samba de raiz”, finaliza ele. “A cultura está aqui, é só olhar para dentro do seu próprio município e apoiar quem faz música de verdade.”
Com uma carreira baseada na autenticidade e no amor pela música, Fred Tavares é hoje uma referência no samba e um defensor ativo do cenário cultural de São Gonçalo. Ele segue acreditando que a arte e o talento local têm força para transformar e unir pessoas em torno da sua verdadeira paixão.