Carro encontrado com investigado por tráfico estava no nome de Solange, mãe de Deolane. Caso é de 2017, mas respingou na atual investigação
Solange Bezerra, mãe da influenciadora Deolane Bezerra, continua presa por suspeita de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro de jogos de azar. No entanto, uma nova acusação chamou a atenção na decisão do ministro do STJ, Herman Benjamin, que manteve a prisão da produtora de conteúdo de 55 anos: tráfico de drogas.
“Diferentemente do que está na impetração, a paciente não está presa porque fez uma transferência bancária. Está presa, sim, porque é suspeita de uma gama de práticas ilícitas, que vão desde o tráfico ilícito de entorpecentes, passando pela exploração de jogos ilícitos e culminando na lavagem de dinheiro”, escreveu o ministro na decisão desta semana.
Segundo informações, foi constatado que a relação de Solange com o tráfico de drogas é pouco mencionada nas 389 páginas da representação pela prisão dos alvos da operação da Polícia Civil, que resultou na prisão de Solange e Deolane em 4 de setembro. O documento funciona como um relatório explicativo do inquérito para o juiz.
O delegado Paulo Gustavo chegou a fazer um organograma com o nome de Solange ligado ao termo “tráfico de drogas” e à palavra “suspeita”. A relação entre a mãe de Deolane e o tráfico de entorpecentes é mencionada em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que diz o seguinte:
“Envolvida em mídia negativa, juntamente com suas sócias, citando supostas atividades relacionadas a tráfico de drogas e sonegação fiscal”, diz trecho do documento.
De fato, no fim de 2022, chegou a ser noticiada na imprensa a apreensão de um carro no nome de Solange, devido à suspeita de relação com o tráfico de drogas. Essa apreensão aconteceu em 2017 e ainda envolve outra filha de Solange: Dayane Bezerra. No entanto, a Polícia Civil não esclarece a relação desse caso antigo com as investigações atuais de Pernambuco.
LIGAÇÃO – Em setembro de 2017, a Polícia Federal deflagrou uma megaoperação, batizada de Brabo, em que cerca de 80 pessoas foram presas por suspeita de envolvimento com um esquema de tráfico internacional de cocaína.
A quadrilha era tão grande que tinha até envolvimento de integrantes da Máfia dos Bálcãs, na Europa Oriental, e do Primeiro Comando da Capital (PCC). Na época, Deolane ainda não era a influenciadora digital, tampouco ostentava os mais de 20 milhões de seguidores que tem hoje em dia.
Entre as dezenas de presos nesta operação, estava um sujeito chamado Jamiriton Marchiori Calmon, mais conhecido como Jamir, então com 43 anos. Ele dizia ser comerciante de eletrônicos, mas as investigações da PF apontam que na verdade ele era braço direito do traficante Ronaldo Bernardo, o Roni.
De acordo com a PF, Roni e Jamir comandavam o envio de cocaína para a Europa. A droga era escondida em contêineres que saíam do Porto de Santos, em São Paulo.
Na época, Jamir namorava Dayanne Bezerra, irmã de Deolane e filha de Solange. Quando a polícia chegou à residência de Jamir para prendê-lo, deparou-se com uma Mercedes-Benz Gla 200 avaliada em R$ 134 mil. O veículo estava registrado no nome de Solange.
Para a PF, havia “fortes indícios de que o carro foi adquirido com proveito dos crimes de exportação de grande vulto de quantidade de cocaína”.
Solange negou essa relação com o tráfico e até entrou com um pedido na Justiça Federal para recuperar o carro. Ela apresentou um carnê de financiamento do veículo no valor de R$ 74 mil. No entanto, isso não foi suficiente para convencer o Judiciário e os investigadores.
“Não há comprovação de atividade a justificar a compra de automóvel de luxo. A requerente não logrou êxito em demonstrar a origem lícita do bem”, escreveu o desembargador Maurício Kato, em decisão de março de 2019.
Solange alega que emprestou o carro para a filha Dayanne – que, por sua vez, estava se relacionando com o traficante Jamir. Apesar de serem mencionadas no processo criminal, mãe e filha não chegaram a ser investigadas formalmente por envolvimento com tráfico de drogas.
Em janeiro de 2021, Jamir foi condenado a 19 anos e 7 meses por tráfico de drogas e organização criminosa, com início do cumprimento da pena em regime fechado.
ABSURDO – A também advogada Daniele Bezerra, irmã de Deolane e filha de Solange, gravou um vídeo aos prantos, no qual defende a inocência da mãe e rechaça as acusações de tráfico de drogas.
“Eu estou vendo um monte de notícias, que estão saindo agora, ligando minha mãe a tráfico de drogas. Isso é um absurdo muito grande. Minha mãe está presa, inocente, e ainda saiu uma matéria falando uma coisa dessas, de tráfico de drogas. Pelo amor de Deus”, declara Daniele na gravação.
A reportagem entrou em contato com Dayanne e não obteve retorno até a publicação desta matéria. A defesa de Jamir também foi procurada. Já a Polícia Civil de Pernambuco não quis comentar o caso e informou que não repassa informações específicas sobre os alvos da operação.
Fonte: Metrópoles
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