Prefeitura de Niterói faz parceria com Projeto que aproveita mão de obra das artesãs da Zona Sul

Prefeitura de Niterói faz parceria com Projeto que aproveita mão de obra das artesãs da Zona Sul

Ação está sendo chamada de “Rendinha” em relação ao benefício de se ter um dinheirinho extra

O cuidado com o meio ambiente sempre foi uma prioridade em Niterói. Com essa pegada, a Prefeitura se uniu ao Projeto Redinha para uma parceria que utiliza a mão de obra das artesãs da Casa da Economia Solidária Paul Singer para a confecção que transforma redes de pesca em bolsas. A rede, que seria descartada, vira acessórios e ainda complementa a renda das costureiras.

A Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária é a responsável por gerir a Casa Paul Singer. O secretário da pasta, Elton Teixeira, fala da importância dessa parceria.

“Um dos princípios da economia solidária é o respeito ao meio ambiente e a sustentabilidade. Gerar trabalho e renda a partir do cuidado com o meio ambiente é uma resposta para a urgência que o mundo precisa ter para cuidar do planeta e das gerações futuras”, disse.

A criadora do Projeto Redinha, Maria Fernanda Bastos, é engenheira civil e ambiental e conta que o estalo veio um dia quando foi remar em Jurujuba, durante a pandemia, e viu os pescadores remendando as redes de pesca.

“Me chamou a atenção a quantidade de redes que ficavam no entorno. Perguntei o que eles faziam com aquele material que não dava para reutilizar e eles disseram que jogavam fora. Nessa época, todo mundo estava fazendo alguma atividade para aproveitar o tempo que estavam em casa e minha sogra fazia artesanato manual. Conversamos e ela desenvolveu um primeiro modelo de crochê”, destaca.

A engenheira explica que sua tese de mestrado foi sobre o lixo flutuante na Baía de Guanabara porque o lixo é algo que me incomoda muito, principalmente o plástico de uso único que depois é descartado e é um grande problema da poluição. Então veio a ideia da bolsa de redinha e “como ela é bonitinha, as pessoas queriam usar de outras maneiras”, conta Maria.

O modelo básico já ganhou novos formatos com tamanho de alça adaptada e com a versão de inclui uma bolsa interna, com reaproveitamento de sobra de biquíni, que comporta pequenos objetos como chaves e celular. Atualmente, o projeto já confecciona seis modelos diferentes.

Segundo a criadora das bolsas, a parceria com a Prefeitura de Niterói veio pela necessidade de mão de obra, que é 100% feminina. Atualmente, cinco artesãs fazem a produção das bolsas, seja a costura, acabamento ou customização. Maria de Fátima da Silva Lima, 64 anos, é uma das costureiras que aderiram ao projeto.

“Comecei a trabalhar com a produção das ‘redinhas’ em junho, mas sou artesã há mais de 15 anos. Trabalho com costura e faço produtos para vender nas feiras e agora comecei no artesanato e com as bolsas de rede. O projeto me ajuda muito, inclusive financeiramente, e eu conto com esse dinheiro para ajudar nas contas e comprar material para fazer novos produtos. Para mim está sendo maravilhoso”, ressalta.

O trabalho impacta também os pescadores que pararam de jogar as sobras de rede na água e recebem 5% do valor da venda das bolsas como forma de incentivá-los a guardar o material e doar para o projeto.

“O trabalho, hoje, impacta quatro pescadores que nos fornecem as redes. A redinha é um negócio de impacto socioambiental que resolve também o problema da ‘pesca fantasma’ onde essas redes vão parar no mar e acabam capturando animais. A ideia de pagar os pescadores é para eles entenderem que esse material tem valor e se comprometam a não jogar fora. Na redinha não tem lixo, lixo é o que a gente joga fora, a rede é um resíduo que nós reaproveitamos”, conta Maria Fernanda.

O Meio Ambiente agradece

Mensalmente, são vendidas uma média de 200 bolsas de rede. Desde o início do projeto, foram resgatados mais de 300 kg de rede de pesca que renderam 3.500 bolsas de redinhas que equivalem a 9 quadras de vôlei, em extensão.

“Minha meta é chegar ao tamanho do Maracanã”, sonha Maria Fernanda, que calcula que para chegar a esse tamanho precisará vender cerca de 20 mil unidades do acessório.

Casa da Economia Solidária Paul Singer – Criada em julho de 2019, o local é o primeiro centro público municipal de referência em economia solidária no Estado do Rio. O objetivo é que seja um espaço de acolhimento, formação, capacitação e orientação aos empreendedores da economia solidária, cooperativas e associações, que recebe trabalhadores de Niterói e de municípios vizinhos.

A Casa conta com um espaço de comercialização, onde diversos produtores podem expor e vender seus produtos feitos de maneira artesanal, como roupas, mel, sabonetes, itens de casa etc. Além disso, o local possui uma sala de atendimento psicossocial e uma área destinada ao Fórum de Economia Solidária, sendo gerenciada de maneira compartilhada, com recursos de convênio firmado com o Ministério do Trabalho/Secretaria Nacional de Economia Solidária.

A Casa da Economia Solidária Paul Singer fica na Avenida Amaral Peixoto, 901, Centro. Informações pelo telefone (2717-8350).

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