Crise nos Hospitais federais do Rio: Greve afeta os tratamentos de alta complexidade

Crise nos Hospitais federais do Rio: Greve afeta os tratamentos de alta complexidade

Na segunda-feira, 20 de maio, os servidores irão se reunir pela manhã em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso

Servidores da área de saúde dos seis hospitais federais no Rio de Janeiro estão em greve por tempo indeterminado. Mas, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência no Estado, as unidades vão funcionar com 30% do quadro de funcionários. Foram mantidos os serviços considerados essenciais, como hemodiálise, quimioterapia, cirurgias oncológicas, transplantes e atendimentos de emergência.

Já as consultas, cirurgias e exames eletivos ficam suspensos.

A greve, que começou na manhã desta quarta-feira (15) nos hospitais de Bonsucesso, Andaraí, Lagoa, Ipanema, Cardoso Fontes e dos Servidores do Estado, pegou de surpresa muitos pacientes.

Entre os principais itens da pauta de reivindicações estão a recomposição salarial, realização de concurso público e reestruturação dessas unidades que, segundo o Sindicato, sofrem com o sucateamento dos últimos anos.

Eles também cobram pagamento do adicional de insalubridade e o cumprimento do piso da enfermagem em valores integrais.

Atos de greve estão programados para a próxima semana. Na segunda-feira, 20 de maio, os servidores irão se reunir pela manhã em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso. No dia seguinte, a mobilização será a tarde, no Into, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia.

Os hospitais federais são especializados em tratamentos de alta complexidade para pacientes de todo o país dentro do SUS, o Sistema Único de Saúde.

Procurado, o Ministério da Saúde informou atua para reconstruir e fortalecer os hospitais da rede federal no Rio de Janeiro. “Entre as medidas adotadas, citou a instalação de mesa de negociação para tratar das demandas dos servidores, convocação de mais de mil profissionais, prorrogação de  1,7 mil contratos temporários e a criação do comitê gestor, para coordenar  o funcionamento das unidades, após denúncias sobre as más condições desses hospitais”, disse o órgão na nota.

ENTENDA – A corrupção nas unidades de saúde federais do Rio apareceu na mídia, com a exoneração do diretor do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH), Alexandre Telles, indicado pelo deputado Federal Dimas Gadelha (PT-RJ), após uma investigação do Fantástico (Rede Globo).

Desde maio de 2023, denúncias sobre corrupção nos Hospitais Federais têm sido veiculadas pelo RJTV e RJ2 da TV Globo, apontando para a nomeação de pessoas ligadas ao deputado Dimas Gadelha (PT) em cargos-chave, muitos deles de São Gonçalo, além da nomeação do advogado particular de Dimas, Gildo Souza.

Além do favorecimento político, testemunhas relatam a instalação de uma porta acústica no gabinete do diretor Abel Martinez para representantes comerciais e fornecedores, exigindo pagamentos e criação de vagas dentro das empresas contratadas.

Também há influência política nos hospitais de Bom Sucesso e Andaraí, onde o médico Jefferson Antunes Gomes, ligado a Dimas Gadelha desde sua gestão na Secretaria de Saúde de São Gonçalo, ocupa um cargo importante.

Documentos revelaram que cinco pacientes morreram por falta de atendimento adequado no Hospital Federal de Bonsucesso, enquanto o Hospital do Andaraí enfrenta problemas como cirurgias suspensas, leitos fechados e o sumiço de equipamentos médicos valiosos, incluindo um tomógrafo de R$ 1 milhão e um raio-x de R$ 3 milhões.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *