Exposição “Maré é Mar” leva a discussão sobre racismo ambiental no Complexo da Maré para a galeria da UFF

Exposição “Maré é Mar” leva a discussão sobre racismo ambiental no Complexo da Maré para a galeria da UFF

Exibição conta com fotografias e podcast produzidos por jovens da comunidade e vai estar aberta ao público dos dias 24 a 28 de novembro, no Instituto de Arte e Comunicação Social da universidade, em Niterói-RJ

Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS) da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, recebe de 24 a 28 de novembro a exposição “Maré é Mar”, que apresentará ao público obras criadas por jovens do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.

A iniciativa é conduzida pelo grupo de pesquisa e extensão “Mídias, Redes e Jovens”, da UFF, em parceria com o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm), com apoio do Pulitzer Center, e tem como objetivo dar visibilidade às narrativas dos moradores sobre o racismo ambiental e seus efeitos sobre o cotidiano — tema que ganha ainda mais relevância em um momento em que o mundo volta seus olhos para a COP 30, conferência global do clima que reforça a urgência de discutir justiça ambiental e os impactos das mudanças climáticas nas periferias urbanas. 

A mostra vai reunir reportagens, podcasts e produções fotográficas realizadas por um grupo de 25 moradores da região, entre 14 e 20 anos, que já participam de projetos conduzidos pelo Ceasm. Ao longo da formação, que teve início em agosto de 2025, professores, estudantes de graduação e pós-graduação da UFF ofereceram oficinas de formação em linguagens jornalísticas, conduziram debates sobre justiça ambiental e deram mentoria para a produção das obras. 

O resultado deste trabalho é uma coleção de 30 fotografias sobre o território, com ênfase na Baía de Guanabara, e um podcast com quatro episódios chamada Maré é mar: vivências mareenses. A Maré guarda uma relação intrínseca com a baía, em torno da qual foram erguidas as primeiras casas da comunidade. 

“O projeto se propõe a criar pontes entre a universidade e a favela, promovendo uma troca de saberes e experiências que enriquece a todos os envolvidos. Ao longo desses meses, vimos os jovens se reconhecerem como produtores de conteúdo e compreenderem a força das suas narrativas”, afirma Carla Baiense, professora do curso de Jornalismo da UFF e coordenadora do grupo Mídias, Redes e Jovens, responsável pela iniciativa.

A troca de experiências foi uma das marcas mais fortes do “Maré é Mar”. Em setembro, estudantes da UFF receberam no campus o grupo de jovens da Maré para uma imersão na cultura acadêmica. Além de conhecerem os espaços da universidade, os participantes puderam trocar experiências com estudantes da graduação em Jornalismo sobre o ingresso e a permanência no ensino superior e participar de oficinas práticas de produção jornalística.

“Os jovens estão aprendendo muito e também trazendo o aprendizado deles para a universidade. O importante é que entendam que podem, que conseguem e que têm o potencial de ingressar em uma instituição de ensino superior”, destacou Cida Rodrigues, educadora do Museu da Maré e do CEASM, que acompanha o grupo.

Semanalmente, docentes e estudantes da UFF visitaram a sede do Ceasm, conhecendo de perto o território da Maré pela perspectiva dos próprios mareenses. Após o contato com a realidade acadêmica, foi a vez de os jovens moradores apresentarem a história, a cultura e as lutas da comunidade para os universitários, num tour guiado pelo Museu da Maré, o primeiro museu de favelas da América Latina.

Segundo a professora Carla Baiense, os resultados alcançados até aqui reafirmam o papel social da universidade pública e o potencial da comunicação como ferramenta de transformação. O acesso ao letramento midiático e informacional e o fortalecimento do vínculo entre a universidade e as comunidades periféricas também são apontados como ganhos do projeto.

“Projetos como o ‘Maré é Mar’ mostram que o jornalismo pode e deve ser um instrumento de emancipação e pertencimento. É na troca, na escuta e na coautoria que a extensão universitária ganha sentido, e a sociedade, novas vozes”.

Como encontrar

Exposição “Maré é Mar”

Inauguração: 24 de novembro de 2025

Horário: 16h – Roda de conversa com artistas

17h – Abertura da exposição

📍Galeria Gaia – Instituto de Arte e Comunicação Social da UFF (IACS) – Campus do Gragoatá – Rua Professor Marcos Waldemar de Freitas Reis, s/n, São Domingos – Niterói RJ
🎟️ Entrada gratuita e aberta ao público.

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