‘Bonde dos fantasmas’: suspeito de integrar grupo que assalta bocas de fumo é preso em Alcântara

‘Bonde dos fantasmas’: suspeito de integrar grupo que assalta bocas de fumo é preso em Alcântara

Ele aparecia em um cartaz de procurados do Disque Denúncia (2253-1177)

Apontado como participante de trocas de mensagens que indicam o envolvimento de policiais militares em uma quadrilha especializada em assaltar bocas de fumo, Matheus Fernando Carmona de Azevedo, o Carmona, de 22 anos, foi preso na tarde desta quinta-feira (23).

Após receberem uma denúncia, equipes do batalhão de São Gonçalo, o 7º BPM, o encontraram em Alcântara. As ações do bando, listadas em um relatório da Corregedoria da PM, e conversas entre seus supostos integrantes, obtidas pela Polícia Civil, foram reveladas na série de reportagens “Bonde dos Fantasmas” por um jornal periódico da capital.

Carmona, que, segundo a PM, também é investigado por um assassinato ocorrido no último dia 11, foi levado à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, responsável pelo inquérito da Polícia Civil que aborda crimes atribuídos ao grupo.

Carmona trocava mensagens com Marllon Gonçalves Lima Luna da Silva, de 32 anos, também suspeito de integrar a quadrilha. Marllon está preso sob a acusação de ter participado do assassinato de Leonardo de Jesus, um homem de 29 anos que, segundo investigadores, era traficante na comunidade do Cebolô, no bairro Aresenal, em São Gonçalo. A vítima foi roubada e morta a tiros no dia 2 de julho de 2024.

Em diálogos entre Carmona e Marllon, são citados um roubo de droga e supostos policiais ligados ao bando.

Gravações de câmeras de segurança foram fundamentais na apuração da Polícia Civil sobre a morte de Leonardo. Um vídeo mostra o assassinato, no qual foi usado um carro preto. Com as imagens, policiais conseguiram rastrear o veículo, o que abriu caminho para a captura de Marllon.

Analisando a gravação, investigadores identificaram inicialmente marcas de sujeira no veículo, além de um limpador de para-brisa erguido. E, checando imagens registradas por outras câmeras, a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí traçou a rota de fuga do carro, que saiu do Cebolô e seguiu em direção à Rodovia RJ-106. Por meio de vídeos que mostram o trajeto, agentes identificaram a placa, uma queimadura da pintura no teto e um adesivo na lateral esquerda da tampa do porta-malas. Esses dados foram cruciais para o inquérito sobre o crime.

A proprietária do veículo compareceu à delegacia e contou que seu namorado também o utilizava. Assim, policiais chegaram ao nome de Marllon.

Na quarta-feira, o advogado de Marllon, Rodrigo Pinto Gonzaga da Silva, disse que, desde o início das investigações, tem enfrentado dificuldades para acessar informações essenciais, mesmo quando não estavam sob sigilo. Segundo ele, há notícias sobre supostas provas que não constam dos autos aos quais teve acesso via rede social. Gonzaga da Silva afirmou ainda que provará a inocência de seu cliente.

Na investigação da Corregedoria da PM, uma Mercedes-Benz virou o ponto-chave para mapear as ações da quadrilha. O órgão descobriu, também por meio de imagens de câmeras de segurança, que o carro foi usado em pelo menos três das seis ações criminosas atribuídas aos Fantasmas.

A primeira, de acordo com um relatório concluído em outubro do ano passado pela corregedoria, ocorreu no dia 16 de maio de 2024, quando, segundo a investigação, o sargento Davi Palhares foi baleado no bairro Itambi, em Itaboraí. Na ocasião, diz o documento, ele e o cabo Patrick Polycarpo Sodré “supostamente atacaram uma boca de fumo”.

Depois, o mesmo veículo foi utilizado num socorro a Polycarpo, baleado na madrugada de 16 de junho. Após alegar ter sofrido um assalto, o cabo disse que o motorista de uma Mercedes-Benz o ajudou, mas não soube afirmar “se foi alguém que passou e o socorreu ou se foi algum amigo ou parente”. Porém, o relatório da corregedoria aponta que Polycarpo recebeu ajuda de Palhares também ao fim de um tiroteio durante assalto a uma boca de fumo.

Uma Mercedes-Benz ainda é citada num boletim de ocorrência de 6 de setembro de 2024, quando Palhares levou um outro tiro. Ele afirmou que sofreu uma tentativa de roubo enquanto negociava uma peça de carro, versão contestada pela Corregedoria da PM.

O sargento e o cabo foram procurados pela imprensa antes e depois da publicação das primeiras reportagens da série “Bonde dos Fantasmas”, mas eles não responderam. Palhares negou as acusações em seu perfil numa rede social.

São Gonçalo vai mudar: Notícias de São Gonçalo e toda região.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *