Eventos cariocas reúnem autoridades e ativistas para celebrar e encerrar o Julho das Pretas
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na última sexta-feira (26), celebrou o Julho das Pretas. Realizado pelo Dida Bar e Restaurante, o evento contou com importantes figuras nacionais, como a deputada federal Talíria Petrone (PSOL/RJ) e a professora, escritora, filósofa e ativista antirracista Sueli Carneiro, que recebeu a Medalha Tiradentes — maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro — em 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
“A deputada Talíria Petrone nos oferece discursos de prática e resistência cotidianamente em sua heroica luta no parlamento brasileiro. Todas as mulheres negras, com coragem e resiliência, enfrentam diariamente os desafios impostos por uma sociedade permeada pelo racismo e pelo sexismo. Nós negras e negros permanecemos à margem da República, à margem da cidadania. As desigualdedes raciais, o racismo sistêmico, a violência policial e a injustiça econômica são desafios permanentes que mobilizam os movimentos sociais e ativistas de todo país que clamam pela nossa insurgência posto que somos mártires contemporâneos nessa sociedade”, assegurou Sueli Carneiro.
O Julho das Pretas — criado em 2013 na Bahia — é a maior agenda conjunta e propositiva de incidência política de organizações e movimento de mulheres negras do Brasil. O mês marca a resistência feminina contra o racismo e ressalta a importância das mulheres ocuparem espaços na política do país.
“Eu só sou uma mulher negra na política porque muitas abriram caminho, como Sueli Carneiro e Benedita da Silva, para que a gente pudesse existir na política que ainda é tão branca e masculina. As mulheres são a maioria da população brasileira. Precisamos de leis escritas por mulheres e para mulheres. Precisamos lutar contra o racismo e a violência. É necessário lutarmos por políticas de cuidado, educação de qualidade e inclusão social. Queremos cada vez mais mulheres na política, especialmente negras, indígenas e de identidades LGBTQIA+. Não há democracia sem mulheres na política”, afirmou a deputada Talíria Petrone, também candidata a prefeita de Niterói.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, 48,5% dos brasileiros são homens e 51,5% são mulheres. Entretanto, nas eleições de 2024, as mulheres são apenas 1 em cada 5 pré-candidatos às prefeituras das capitais.
Marcha das Mulheres Negras
No último domingo (28), aconteceu a décima Marcha das Mulheres Negras no Rio de Janeiro. O ato — que também faz parte do Julho das Pretas — reuniu milhares de pessoas em Copacabana, no Rio.
Neste ano, o tema do movimento foi “Mulheres negras em marcha por reparação e bem viver”. As deputadas federais Talíria Petrone (PSOL/RJ) e Benedita da Silva (PT/RJ), a deputada estadual Renata Souza (PSOL/RJ), e a escritora Conceição Evaristo participaram da mobilização.
“Eu só estou aqui porque tiveram mulheres negras fortes que governaram os quilombos. A nossa história de vida é muito diferente. Então, quando a gente entra na política, nós não podemos nos acomodar. A gente tem história. A gente tem projeto. A gente quer ser livre democraticamente. E eu quero que as empregadas domésticas, as mulheres ocupem poder nesse país. E esse é um ano de eleição. Nós devemos estar onde achamos que é importante e que devemos dar as mãos umas as outras”, disse a deputada Benedita da Silva.
Desde 2014, o 25 de julho no Brasil é também considerado o Dia Nacional Tereza de Benguela. A quilombola, símbolo de resistência, viveu durante o século 18 e liderou o Quilombo do Quariterê, no Mato Grosso.
Fotos: Liz Lemos