Uma especialidade médica procurada com frequência pelos pais de crianças com alterações neurológicas – a neuropediatria – faz parte dos atendimentos oferecidos no Centro Especializado em Reabilitação (CER III), em Neves, São Gonçalo. O profissional é o responsável – com a equipe médica – de dar os laudos diagnósticos e ajudar nas avaliações das crianças durante o tratamento.
A neuropediatria é uma especialidade da pediatria que cuida das doenças neurológicas nas crianças de 0 a 18 anos. Ela atende as crianças com autismo, epilepsia e transtornos comportamentais, por exemplo. A neurologia infantil avalia o sistema nervoso central (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) e periférico (nervos) das crianças e indica os tratamentos a serem realizados conforme a necessidade de cada paciente.
Normalmente, o paciente é encaminhado para o especialista quando o pediatra percebe atrasos no desenvolvimento, seja motor, cognitivo, comportamental ou de linguagem devido à sua faixa etária. O diagnóstico é clínico, feito através de observação nas consultas e dos relatos das pessoas que convivem com a criança sobre o seu comportamento.
A neuropediatra Adriane Batista Fonseca Poubel atende no CER III desde outubro de 2023. Para ela é muito gratificante poder trabalhar dentro do centro de referência.
“É uma população que demanda muita paciência. Não só com as crianças, mas com toda a família devido às dificuldades que as pessoas encontram lá fora para conseguir os tratamentos. Então, trabalhar dentro de um centro de referência é saber que as crianças serão tratadas adequadamente, o que é muito gratificante”, disse a médica.
A paciente Alice de Azevedo, de 8 anos, é atendida na unidade desde 2021. Além do atendimento com a neuropediatra, ela realiza tratamentos com fonoaudióloga, psicóloga e psicopedagoga. Diagnosticada com transtorno do espectro autista (TEA) aos 5 anos, a menina já evoluiu, consideravelmente, segundo a mãe, a dona de casa Estela Azevedo de Souza, de 38 anos.
“Sempre observei que ela era diferente, já suspeitava. A investigação começou aos dois anos quando coloquei na creche. Ela não falava nenhuma palavra. Não falava nem mamãe, nem papai. O laudo definitivo veio aos cinco anos com uma neuropediatra do CER III, que a atendia na época. Hoje, a minha filha fala uma frase inteira. Ela consegue se expressar. Tem as dificuldades, mas dentro da condição dela, ela fala com perfeição”, contou a mãe.
Além de desenvolver a fala e o andar, Alice teve outros avanços significativos. No período do tratamento no CER III, ela – apesar de continuar com uma rotina de fazer tudo igual todos os dias – ela também aprendeu a ler e escrever e aceita alguns comandos. “Ela também já pede algumas coisas, não sempre. Mas eu vejo muita evolução na minha filha em estar toda semana com as terapeutas”, finalizou Estela.
Atendimentos
O CER III é da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil de São Gonçalo (Semsa) e oferece reabilitação física, intelectiva e visual para os pacientes que têm deficiências, sequelas e TEA, de média e alta complexidade. Atualmente, a unidade conta com atendimento de enfermagem, fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista, musicoterapeuta, psicopedagoga, assistente social, transcritora de braile e intérprete de libras. O local ainda tem as seguintes especialidades médicas: neuropediatra, neurologista, pediatra, oftalmologista, otorrinolaringologista e ortopedista.
“É meta do prefeito Capitão Nelson dar atenção especial para esse público. Desde o primeiro ano de governo, aumentamos as contratações dos profissionais para aumentarmos os números de atendimentos. E isso foi efetivado. Em 2021, foram 31.376 consultas e procedimentos. Em 2022: 128.317. No ano passado, a unidade realizou 130.900 consultas e procedimentos. Para 2024, o objetivo é continuar aumentando as ofertas dos tratamentos”, contou o secretário de Saúde e Defesa Civil da Prefeitura de São Gonçalo, Dr. Gleison Rocha.
Como ter acesso – Todo atendimento realizado no CER III é feito após a inserção na Central de Regulação da Semsa. Assim, o paciente deve, primeiro, procurar uma unidade de saúde para marcar consulta com um médico generalista, que vai avaliar os casos e pode encaminhar para o especialista.
Após ter o encaminhamento do médico generalista ou profissional habilitado, o paciente ou responsável pode dar entrada com o pedido em qualquer posto de saúde, policlínicas e clínicas municipais, que vão inserir o paciente na Central de Regulação. É a própria regulação que vai determinar se ele é elegível para o tratamento no CER III ou se será atendido em outro local. Lembrando que o atendimento no centro especializado atende média e alta complexidades.
É necessário que os pacientes mantenham um telefone que funcione e esteja atualizado no cadastro. O contato e endereço do morador também podem ser atualizados em qualquer unidade de saúde. Se houver alguma pendência no pedido, os funcionários das unidades de saúde avisam ao paciente para que regularize a situação. Com qualquer pendência, o paciente não é chamado.
Após a regulação confirmar o atendimento no CER III, o paciente passa por nova avaliação da equipe multiprofissional do espaço, que vai definir para qual setor do CER III o paciente é elegível e direcionar para os tratamentos necessários.
Fotos: Fabio Guimarães
Texto: Ascom PMSG