Nem mesmo a “dedicação total” aos clientes ajudou a segurar o preço das ações das Casas Bahia na Bolsa brasileira nesta quinta-feira. Os papéis da varejista, que resolveu abandonar o nome Via e retomar o slogan histórico “dedicação total a você” nesta semana, chegaram a despencar mais de 30%, passando a valer menos que R$ 1.
No fim do pregão, as ações terminaram com desvalorização de 18,92%, cotadas a R$ 0,90.
O motivo? Uma captação de valor inferior ao esperado em sua mais recente oferta de ações (follow-on) devido à desconfiança do mercado sobre as estratégias para conduzir o negócio.
A empresa já havia informado aos seus acionistas que iria realizar uma reestruturação, com o objetivo de “focar no DNA da sua principal bandeira, resgatando o histórico de bons resultados”. Com a mudança do nome, além de alterar seu código (ticker) de “VIIA3” para “BHIA3” no próximo dia 20, também iria fazer uma nova captação de recursos.
A previsão era arrecadar em torno de R$ 1 bilhão, mas a Casas Bahia só conseguiu angariar R$ 622,9 milhões— 36,5% menos. O valor estipulado para cada ação na oferta também ficou abaixo das expectativas: R$ 0,80.
Com isso, diz Paulo Luives especialista da Valor Investimentos, é natural que os investidores vendam suas ações, que até então estavam valendo mais, para comprar de novo por um preço mais baixo.
Há, ainda, segundo ele, aqueles que estão migrando para papéis de outras varejistas, por não acreditarem tanto mais na empresa.
O cenário da empresa não é favorável, porque ela atua em bens duráveis. É algo muito sazonal, já que as pessoas costumam comprar mais eletrodomésticos no fim do ano. Além disso, a competividade é brutal. A pandemia mudou muito o cenário para essas empresas — diz.
E completa:
— A Casas Bahia está muito atrasada na questão tecnológica, na atualização do site e logística na parte de entrega. E, no mundo on-line, ela compete Amazon, Mercado Livre, que entregam muito rápido. Eles precisam investir muito mais que a concorrência.