O preço do boi tem caído ao longo do ano no campo. Esta redução já é de 30%, na comparação com janeiro. O custo para o consumidor também diminuiu, mas de forma bem menos expressiva. Em agosto, por exemplo, o acém, que é o corte com maior queda nos últimos 12 meses, ficou 12% mais barato, aponta o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), divulgado nesta terça-feira (12).
Entre os outros cortes, o contrafilé e o patinho ficaram cerca de 10% mais em conta, já a picanha, 6% na comparação com agosto de 2022.
O preço do boi no campo é estimado pela arroba, que é uma medida do peso da carcaça bovina, equivalente a 15 quilos. Em janeiro, a arroba estava custando R$ 286,85, já em 11 de setembro, o valor já estava em R$ 206,24, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/ Esalq – USP).
Veja a seguir o que tem motivado essas diferenças.
💲Por que a queda para o consumidor é menor? Apesar de os pecuaristas estarem vendendo o boi a preços menores para os frigoríficos, há outros custos na cadeia que acontecem depois dessa etapa e que impedem que o consumidor pague menos pela carne, explica Felippe Serigati, do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro).
Uma dessas etapas mais importantes é a escala de abate, aponta o professor. Há menos gente comprando carne, com isso os frigoríficos compram menos animais, uma vez que não há tanta saída para o consumidor final, segurando a oferta nos supermercados.
Há ainda o custo de logística, que está alto por causa do preço do combustível.
Além desses pontos, as redes varejistas estariam mantendo uma margem alta de lucro neste ano, segurando os preços, afirma o analista da Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias.
Ao g1, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) disse que é preciso considerar os custos de logística, de energia, na armazenagem, na exposição nas lojas, bem como, a demanda da carne bovina no mercado internacional.
A empresa também afirma que “a redução dos preços tende a ocorrer de forma gradual, a depender do contrato firmado entre a empresa supermercadista e a indústria/frigorífico”.