Segundo investigações, ele estava se aliando a outros chefes de grupos rivais para promover disputas territoriais e retomar comunidades de Santa Cruz que estão atualmente sob influência da milícia
Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, de 63 anos, foi preso nesta quinta-feira (8/5) pela Polícia Civil durante operação na Vila Vintém, em Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio.
Ele é apontado pela corporação como uma das principais frentes do crime organizado no estado. Segundo investigações, Celsinho — fundador da facção Amigo dois Amigos (ADA) — aliou-se a chefes do Comando Vermelho (CV) em disputas territoriais para retomar comunidades de Santa Cruz, ainda na Zona Oeste, que estão atualmente sob influência da milícia.
A prisão foi no âmbito da Operação Contenção, que visa a conter e atacar o avanço territorial do CV na Zona Oeste do Rio. O principal objetivo é desarticular a estrutura financeira, logística e operacional da organização criminosa, além de prender traficantes que atuam na região. Desde que a ação foi deflagrada, já foi pedido à Justiça o bloqueio de mais de R$ 6 bilhões em bens e valores da facção criminosa.
Celsinho foi localizado por equipes da 32ª DP (Taquara), da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) e da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte). Ele foi preso na Rua General José Faustino, principal acesso à Vila Vintém. O traficante foi levado para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, num blindado da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), num forte esquema de segurança. Celsinho estava descalço, com camisa preta e calça azul.
Por volta das 8h, o advogado Max Marques chegou à Cidpol com remédios e roupas para ele. Segundo o defensor, Celsinho ficou surpreso com a prisão pois “não participa de qualquer atividade ilícita” e vem acompanhando a esposa, que trata um câncer.
— Não tivemos acesso às investigações, mas, de qualquer forma, a gente acredita que seja mais uma forçação em cima do econômico histórico que ele tem. Porque não há nada, ele não participa de qualquer atividade ilícita. Mais uma vez, eu reforço isso. Então, não há como a Polícia Civil dizer que ele tem envolvimento ainda em tráfico. Mas tudo vai ser esclarecido na Justiça — disse Max.
Ele afirmou ainda que, quando tiver acesso aos autos, saberá do que o cliente está sendo acusado. E citou ainda que Celsinho foi preso de cuecas, desarmado e sem seguranças:
— Em uma casa que ele mora há mais de 20 anos com a família dele. Residência fixa. Então, não teve qualquer resistência de parte dele.
Sobre o fato de Celsinho já ter afirmado que vivia o tráfico de drogas, Max disse que, hoje em dia, o cenário é outro. Em relação à associação com o CV, conforme indicam as investigações, o advogado afirmou que Celsinho “não tem como ter ligação com ninguém já que não faz mais parte do crime”. E frisou que o cliente continua a criar porcos.
INVESTIGAÇÃO – A união entre CV e ADA não é recente. Em julho do ano passado, a polícia investigava, por exemplo, uma aliança entre as facções para uma tentativa de invasões na Zona Oeste. Havia investidas em comunidades como Catiri, em Bangu, e Carobinha, em Campo Grande, então dominadas pela milícia. Naquele período, houve confrontos também no Fumacê, em Realengo, num tentativa de retomada da região por uma outra facção, o Terceiro Comando Puro (TCP). O bando controlava o tráfico na região, mas teria sido expulsa por bandidos da ADA.
Celsinho da Vila Vintém já foi o bandido mais procurado do Rio dos anos 1990. Ficou preso por 25 anos. Quando saiu da cadeia em outubro de 2022, com 61 anos, ele disse que não voltaria mais a praticar crimes e afirmou, em fevereiro do ano passado, estar criando porcos na Vila Vintém.
O traficante fundou a ADA em 1996 após um racha do CV. Em 14 de junho de 1994, numa disputa pelo controle de rotas de remessas de drogas para o Rio, Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, assassinou seu então cúmplice Orlando da Conceição, o Orlando Jogador, que na época era o maior expoente da quadrilha e chefiava o tráfico no Complexo do Alemão. Uê foi expulso do CV e, após ser preso, se uniu a Celsinho e a José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha. Foi quando a ADA surgiu.
Celsinho começou na vida do crime com assaltos a caminhões de carga na Avenida Brasil. As mercadorias roubadas eram distribuídas para moradores da Vila Vintém, o que fez com que se tornasse querido na comunidade. Em meados da década de 1990, ele assumiu o controle do tráfico na região.
O traficante foi preso pela primeira vez em 1990. Seis anos depois, foi novamente capturado. Em 1998 fugiu vestido de policial militar do Hospital Penitenciário Fábio Macedo Soares. Em 2002, foi preso mais uma vez.
Na ocasião, afirmou era traficante e que vivia do tráfico. “Sou bandido. Mas eu sou um cara devagar, não dou tiro na polícia. Eu fujo da polícia. Compro meu pozinho, minha maconha e vendo”. Ele disse ainda que, na época, faturava “uns R$ 50 mil por semana”. “Mas tenho que pagar muitas coisas. Sobram só dez milzinhos por semana. Mando só na Vila Vintém e no Curral das Éguas”, afirmou.
Fonte: CNN
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